segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Intolerância



César de Oliveira engajou-se ultimamente em um projeto. Homens patriotas com ideais do militarismo – cujo sistema ainda vive em alguns devaneados -, patrocinavam seus experimentos, entre eles, uma norte-americana. Eles temiam a inevitável 3ª Guerra Mundial. Os países desenvolvidos estavam criando muitas rixas um contra os outros, devido às demonstrações de poder destrutivo, de certo ponto exibicionista, deixando um a um irritados com tal situação de que possam ser viradas contra outros “terráqueos conterrâneos”. E até mesmo a crise econômica, já esperada há tempos por eles seria uma boa desculpa para iniciar o tão inevitável acontecimento.
Os militares nacionais não queriam estar de fora dessa linha de frente, onde introduziriam os peões para receberem o primeiro tiro patriótico, enquanto tomam chá em suas casas seguras e jogam xadrez.
Descobriram em César de Oliveira a chave para esse sucesso, pois César é um renomado químico que dedica em seu trabalho, às transformações químicas que um elemento causa no corpo humano. Seu último trabalho era o que interessavam aos patriotas. Um experimento convertido em arma química chamado de Ômega Tolerantia.
César estava reunido com os seis militares e revelava os prós e os contras de tal arma, pois ainda não estava finalizada.
- Ômega Tolerantia, irá estimular os nossos soldados a ter uma força sobrehumana, emitindo toxinas ao cérebro do individuo e eliminando a barreira que a massa cefálica impõe ao corpo de usar toda a força humana. Apenas utilizamos 20% de nossa força total, o cérebro veta os 80% porque senão nossos ossos se triturariam com a tremenda força que seria imposta sobre algum ser vivo ou objeto. Fiz estudos recentes e descobri que quando a adrenalina no corpo humano eleva-se devido ao ódio que uma pessoa sente, sua força aumenta consideravelmente, até chega a ser espantosa em alguns casos. A proteção que o corpo fornece é a rápida circulação do sangue, que esquenta o corpo e fornece um mínimo de defesa para os ossos frágeis. Depois que a fúria cessa, a pessoa sente a dor que impôs seu ódio, transbordando em seu corpo. Então o Ômega Tolerantia em estado líquido, potencializado pelo H20 irá provocar estímulos químicos que provocarão raiva nas pessoas e ele poderá agir melhor no corpo do individuo, dando-o uma força além que o seu corpo suporta. Seja nas pernas, nos braços, enfim, em todos os músculos do corpo ele reagirá, dando mais resistência a eles para não se partirem com a força.
Todos gostam do efeito do projeto e discutem entre si. O general Rodolfo contente sobre o projeto, pergunta-lhe:
- Bom senhor César de Oliveira, pelo que disse esse projeto é sensacional. Teria ele algum contra?
César coça seu cabelo ralo e lhe diz:
- Já que ainda é um experimento, está em fase de testes. De algum modo, o Ômega Tolerantia não afeta pessoas de 15 anos para cima...
Os militares ficam insatisfeitos com isso e o general Rodolfo exclama:
- Então essa arma é inútil! Não podemos mandar crianças para a guerra!
Alden, a norte-americana fica interessada nos efeitos negativos e pergunta:
- Por que as pessoas maiores de 15 anos não são afetadas?
César explica:
- A vacina dos 15 anos, a antitetânica, impede o Ômega Tolerantia de agir. Já que ele é composto por íons metálicos. Essenciais para o funcionamento dele. Então as pessoas que tomaram essa vacina, são praticamente imunes sobre o vírus. Ainda...
Os olhos tempestuosos dos patrocinadores pressionavam César. Queriam resultados imediatos do experimento, não queriam perder tempo. Ele tenta acalmá-los:
- Mas não se preocupem, estou providenciando um modo de transpassar essa barreira.
Um dos outros generais se pronuncia:
- Não é isso que nos preocupa senhor Oliveira, mas sim o fato de seu vírus ter uma cura. E ainda por cima de baixo custo. Esse vírus não seria útil em nada se nossos inimigos soubessem a cura.
César tenta intervir:
- Mas a cura é algo importante para o caso de algum efeito colateral.
- Efeito colateral? – pergunta Alden –
- Sim, de 10 animais em que testei 2 apresentaram anomalias. Com já disse meu experimento tem íons metálicos e esses metais tomam a função do ferro no sangue e chega a causar anemia profunda, por isso, junto deste, fiz uns comprimidos que controlam a toma desses metais pelo ferro no sangue. Um dos efeitos colaterais são como, sangrarem em pequenas quantidades pelos orifícios, reagir de forma insana todo o tempo, mesmo depois do efeito da droga já ter passado...
- Então esse é mais outro contra?! – diz Rodolfo, irritado – O vírus não tem muito tempo de vida no organismo?!
- Não, não é isso general Rodolfo. – tenta explicar – O vírus fica contido no corpo hospedeiro e se funde com o seu DNA. Com disse, fica retido no sangue. Ele só é ativado, caso a pessoa entre em fúria, para que ele possa agir. Já no caso dos dois animais, a raiva deles não passaram e acabaram morrendo de ataque cardíaco.
Insatisfeitos, os militares lhes dão as costas sem dizer palavras e saem do laboratório, ficando apenas Alden. César fica irritado com a impaciência deles. Não estava há muito tempo desenvolvendo essa arma, como queriam resultados tão rápidos?
- Não ligue para eles senhor Oliveira, - diz Alden – são apenas homens de visões mini-mizadas pela crise da meia idade. Admiro muito sua genialidade, diferentemente das deles. Por isso queria te convidar a desenvolver esse projeto para o meu país.
César fica assustado com a proposta e diz:
- Por que me propõe isso? Nossos países são aliados, não são?
Alden aproxima-se dele e lhe diz:
- Quando ocorre uma guerra, levamos primeiro nossos devedores para a linha de frente para depois mandarmos nosso povo da classe proletária. A guerra é uma amiga da eco-nomia e do planeta, reduzindo em massa a superpopulação mundial e dando lucro ao país pelas terras conquistadas. Então aliado é uma palavra muito forte. Se me entende?
César entende a situação. Estava numa guerra de tubarões, onde o maior pedaço de carne é disputado.
- Então peço que me acompanhe até a minha limusine e discutamos sobre esse projeto no meu apartamento.
Sem contestar ele aceita. Pega a maleta com três frascos com o vírus, junto com suas anotações e sai de lá. Os dois acomodam-se na limusine, que começa a se deslocar. Al-den alcança uma garrafa de champanhe e duas taças, oferecendo uma a César.
- Vamos brindar a nossa aliança senhor Oliveira, que ela seja duradoura.
Contente só de imaginar o montante de cifrões que estariam em sua conta bancária, ele pega uma taça e brinda com ela. Alden bebia o champanhe e não tirava os olhos de Cé-sar, deixando-o encabulado.
- Sabia que é um homem atraente senhor Oliveira?
César fica ruborizado. Uma mulher linda, rica e poderosa como essa lhe cantando? Não iria querer perder a chance de ouro.
- Saber até eu sabia, mas a sua beleza incomparável me fez esquecer disso senhorita Alden.
Alden começa a rir e lhe pergunta:
- Acha mesmo senhor Oliveira?
- Claro, por que não? É uma mulher atraente e inteligente, deve ter muitos homens que matariam por você.
- Ao contrário, - discorda Alden – acho que os homens têm medo de minha independên-cia e pulso forte.
- Eu não tenho. Admiro muito isso numa mulher, que é raro encontrar nesse mundo mu-lheres especiais desse jeito.
Alden sorri com o elogio e olha pela janela. Então diz para o seu motorista:
- Albert, stop here please.
A limusine é estacionada e Alden abre a porta próxima de César. Os dois saem e ele analisa o local. Era um motel nem um pouco luxuoso em que pararam em frente. Alden olha para ele com um leve sorriso e diz:
- Vamos?
César fica perplexo com o convite e logo exclama:
- Quer que façamos num lugar desses? Sendo que a senhorita é rica e esse lugar é tão...
- Vejo que mentiu senhor Oliveira. – interrompe ela – É como todos os homens, tem medo da minha personalidade.
Ele não queria passar por covarde e aceita a proposta sem hesitar. Ela paga a estadia e os dois entram no quarto se beijando e tirando a roupa com tremendo furor. Logo começam a fazer sexo. César estava aproveitando o momento. Transando com uma mulher deliciosa e boa de cama, que o levaria para o poço dos desejos, da mais profunda riqueza estrangeira.
Em meio ao prazer, sente dificuldades súbitas em sua respiração. Seu coração doía co-mo se fosse explodir e todo o seu corpo começa a formigar. Vendo isso, Alden o tira de cima de si e levanta-se começando a se vestir como se nada estivesse acontecendo. César em meio disso, fica confuso com sua atitude e clama meio sem ar:
- Me ajuda... Estou passando mal...
Totalmente vestida, ela lança-lhe um olhar frio e diz:
- Não se preocupe o veneno logo lhe matará.
- Veneno...? Mas que veneno...? – pergunta ele, atônito –
- O veneno que havia no champanhe. – retruca ela –
César a beira da morte, fica ainda mais confuso, pois ela também tomou do champanhe e não a viu colocar nada em sua taça. Praticamente impossível. Saindo do quarto, ela lhe diz:
- Não se preocupe não vou morrer. Pratico... (colocar o nome da arte em que se toma veneno para se acostumar a ele) e sou imune a esse veneno.
Ela sai do quarto e não demora muito para que o véu da morte cobrisse os olhos de Cé-sar. Alden segue para a limusine e pede a Albert que a leve para o aeroporto. Durante o trajeto, pensa consigo de ter conseguido cumprir sua missão. Estava com o vírus em mãos e com as anotações do idiota, tudo em sua limusine, dentro da maleta que ele car-regava. Na verdade, Alden é espiã internacional, com a missão de roubar tecnologias e armas para o seu país. Ri consigo, pois nunca faria acordo com países de terceiro mundo e não seria agora. Seus pensamentos são subitamente interrompidos por um caminhão desgovernado que avança o sinal vermelho e choca-se duramente com a lateral da limu-sine, fazendo-os capotar e cair dentro do mar.
No dia seguinte, uma patrulha de resgate consegue trazer à superfície a limusine, porém Albert e Alden estavam mortos, presos as ferragens do carro. Morreram com o impacto e não com o afogamento. O fato repercutiu pelo país inteiro, já que eles eram estrangeiros.
A área marítima em que caíram era de pesca e ficou interditada por vários dias, deixan-do vários pescadores irritados. Dentre eles Gilberto, que pescava por diversão junto de seu filho pequeno chamado Pedro.
Vão pescar mais animados quando a interditação termina. O tempo estava bom para pescar e vários outros pescadores estavam aproveitando, pois os peixes estavam agitados como nunca se vira. Pulavam da água e se debatiam no ar. Gilberto e Pedro vieram com o balde cheio, na verdade, três baldes cheios de peixes. Os maiores foram todos postos no porta-malas. A dona Silvia, mulher de Gilberto e mãe de Pedro é que iria ficar uma fera, já que seria ela que limparia o porta-malas e não o preguiçoso do seu marido.
A abundância era tanta que Gilberto dividiu com os vizinhos. Como comemoração, Silvia preparou uma moqueca de peixe com pirão. Especialidade dela. Como sempre, sua comida estava maravilhosa e recebeu muitos elogios de sua família.
Logo anoitece. Depois da novela, todos põe-se a dormir como sempre faziam. Gilberto tinha que dormir, pois tinha que chegar mais cedo no trabalho amanhã e Silvia tinha que deixar tudo arrumado, já que deixou louça acumulada por insistência do marido que queria que ela fosse se deitar com ele.
No meio da madrugada, Silvia escuta gemidos vindos do quarto de Pedro, seu filho. Preocupada, coloca uma roupa e vai pro quarto do filho ver o que era. Acende a luz e vê Pedro completamente suado e revirando-se na cama, irritado. Ele ainda dormia, mas parece que estava tendo pesadelos. Nesse caso, sua mãe vai lhe acordar e para o espanto dela, Pedro ardia em febre. Não hesita em chamar pelo marido, que ouvindo o seu tom de voz, corre para saber o que é.
- Prepara o carro amor, o Pedro está ardendo em febre! – exclama ela –
Sem delonga Gilberto corre para a garagem. Silvia estava muito preocupada, e vendo da nascente que a testa de Pedro parecia com o esbanjamento de suor, seca-o com a ponta de sua camisola. Subitamente seu pulso é agarrado firmemente pela mão de Pedro. De imediato, sentiu uma horrível dor, pois ele estava empregando muita força.
- Tira a mão de mim! – grita ele –
Gemendo de dor, ela clama:
- Calma filho, sou eu... Sua mãe...
Os olhos de Pedro estavam vermelhos bem intensos, como se estivessem irritados. Com enorme força ele a empurra, fazendo-a cair ao chão. Silvia analisa seu braço pressionado e entra em choque em ver o estado em que ficou. Estava vermelho parecendo sangue e parte de seu osso estava exposto. O sangue esfria e ela começa a sentir a intensa dor.
Pedro começa a se contorcer em enorme dor. Seu corpo não agüentava mais transpirar pela alta temperatura em que estava sendo submetido. Rapidamente ele vai para a cozi-nha e mete a boca na torneira do filtro e desce água goela abaixo. Sua mãe fica na porta da cozinha, horrorizada com a cena. Logo chega Gilberto que de imediato repara no ferimento no pulso de sua mulher.
- O que foi isso mulher?! – torna a olha para Pedro – E o que o nosso filho está fazendo?
- Eu não sei, eu não sei! – retruca ela, nervosa –
Parecia que o corpo de Pedro estava perfurado, pois toda a água que ele bebeu, espiou pelos poros em suor. Gilberto fica aflito pelo filho e aproxima-se do garoto, dizendo:
- Filho, o que está aconte...
No ato, Pedro vira o punho com tudo contra seu pai, acertando-o no rosto. O impacto foi tão forte que acabou quebrando o pescoço de Gilberto, falecendo-o no chão. Silvia solta um grito de pânico e ocorre um som de tiro na vizinhança, com vários gritos es-candalosos. O sangue de Gilberto escorre pelo chão e isso atrai a atenção de Pedro, que estava completamente fora de si e nem percebeu o que fez. Chega perto do cadáver do pai e coloca o rosto próximo do sangue escorrido, pondo-se a cheirar, como um animal selvagem.
Silvia estava atônita, o pavor paralisou completamente seu corpo para ter alguma reação. Para o seu desespero, Pedro começa a lamber o sangue alheio ao leito do chão, com tremenda fome. Finaliza no chão e avança na raiz, bebendo do pescoço de Gilberto, vorazmente. Diferentemente da água, o sangue lhe propunha um alívio em relação a dor que sentia por todo o corpo com a alta temperatura que estava.
Horrorizada e em prantos, Silvia queria evitar que essa insanidade continuasse e tenta separar seu filho do corpo do pai, porém Pedro a empurra com força descomunal e libera um grunhido, voltando a saciar-se dos fluídos.
Assustada, ela corre para fora de casa para procurar ajuda. Seu filho estava louco, nem mais palavras distinguíveis saía de sua boca, apenas um grunhido demoníaco. Ao abrir a porta, depara-se com um verdadeiro pandemônio na vizinhança. Seu filho não era o único caso. Os pais corriam assustados pelos filhos que os perseguiam como se fossem matá-los.
Haviam crianças que não foram afetadas, porém elas eram completamente ignoradas pelas fora de si. Elas preferiam mais os adultos. Uma delas é abatida por um tiro na nu-ca, era a filha da Elza, vizinha ao lado. O disparo viera de um dos seus vizinhos, cha-mado João. Ele portava uma 9 mm no coldre e uma escopeta na mão, sendo que as mu-nições estavam num cinto que ele envolveu no ombro. Uma a uma ele começa a abater e os pais que sobram vivos ficam horrorizados vendo suas crianças serem aniquiladas desse jeito e começam a apedrejá-lo, já que não sabiam mais o que fazer pela ação que o desespero causou-lhes nos sentidos. Preferiam a morte a fazer mal a seus amados filhos. Porém não por muito tempo, pois as crianças, que eram muitas os mataram violentamente e absorviam seu sangue, diretamente das jugulares. Silvia percebe que eles entravam numa espécie de nirvana quando estavam bebendo do sangue. Ignoravam comple-tamente a sua volta e se satisfaziam dos fluídos.
As pessoas que sobraram, correm para a casa de João e ele lhes dá abrigo.
- Hei sua vadia, se não quiser morrer entre aqui!
Ela acorda para a realidade e sem escolha ela vai. Silvia é a última a entrar e João fecha a porta. Logo quando entra, percebe o corpo de Suellen com o crânio estourado no me-socrânio. A menina era sobrinha de João e tinha 14 anos. Estava passando o feriado com ele e seu irmão, que estava sentado no sofá aos prantos.
- Tive que fazer isso, senão ela matava o irmão. – explica-se João –
Ele mostra o braço ferido e continua:
- Ela estava muito forte que acabou fraturando meu braço. – ele olha para Silvia e lhe diz – Parece que aconteceu o mesmo com você, não é?
- Mas que loucura é essa?! – exclama Sônia –
Na sala, haviam Sônia e Fábio, adolescentes, Maria, uma senhora e Leandro e Cíntia, um jovem casal. Sem contar com Silvia, João e seu sobrinho Evandro.
- É o Demônio que possuiu nossas crianças. – diz Maria, a senhora –
- Que demônio o quê! Foi o maldito peixe que o desgraçado do marido dessa vadia trouxe, foi depois de comerem que ficaram assim! – exclama João –
Silvia que já estava perturbada, grita com ele:
- Se fosse a porcaria do peixe, todos nós estaríamos sendo afetados, não é seu retardado de merda?! Por que todos nós comemos!
- Eu não comi! – brada Evandro, sobrinho de João –
- Até que faz sentido, - diz Leandro – pois as crianças que não foram afetadas não co-meram do peixe, pois Cíntia e eu a trouxemos de uma excursão que organizamos e elas já estavam sem fome. Também chegamos à noite, sem chance de comer o peixe que foi no almoço.
- Está dizendo que só as crianças são afetadas por seja lá o que for? – pergunta Cíntia, sua namorada –
- Bem, é um palpite.
- Nada a ver! – diz Fábio, com os olhos em fúria – Tenho 15 anos e comi desse peixe e não fui afetado. Meu primo que veio do interior para passar as férias na minha casa tem 18 e foi afetado.
João mira na hora sua escopeta para Silvia e raivoso diz:
- Só deixei você entrar sua desgraçada para me explicar que droga está acontecendo, então fala de uma vez!
Acuada, responde-lhe:
- Mas eu não sei nada.
- Calma João, - intercede Leandro – não temos certeza de que foram os peixes que con-taminaram as crianças.
- Claro que temos, todos os afetados comeram dessa droga. – retruca João –
Isso ninguém podia contestar, porém suas atenções são voltadas para a porta que é ar-rombada por uma das crianças. Rapidamente João lhe difere um tiro certeiro no crânio e o mata, isso chama a atenção das outras crianças que se dirigem ao local.
João leva todos para os fundos, chegando a sua caminhonete. Eles sobem na caçamba e vêem as várias armas que haviam lá e ficam espantados.
- Agradeçam por terem um vizinho que contrabandeia armas. – diz João –
Sem mais, João pede que cada um pegue uma arma e fiquem atentos. Assume a direção e sai com a caminhonete.
- Para aonde vamos? – pergunta Sônia para João –
- Para bem longe daqui. – responde ele –
João dá a partida no carro e sai disparado para a cidade, atropelando as crianças que ficavam no caminho. Pedro vê a caminhonete saindo e começa a persegui-la.
Da vizinhança até a cidade levava 10 minutos de carro. Ao chegarem à avenida princi-pal, vêem o mesmo pandemônio, porém muito pior. Existiam mais crianças e vários carros pegavam fogo e muitas das coisas estavam destruídas. Saíram de um inferno para outro. João matuta no que fazer e lhes diz:
- Se eles se aproximarem, quero que atirem na cabeça deles.
- Como vamos fazer isso, são apenas crianças! – diz Silvia –
- Crianças que podem te matar se você fraquejar pelos seus rostos angelicais. – diz ele –
Uma das crianças os percebe ali e corre ligeiramente na direção da caminhonete. João pede que algum deles atirassem, porém ninguém tinha coragem para isso e a criança vinha com mais sede. João grita com eles, quando súbito um tiro transpassa certeira-mente o crânio da criança. Todos olham atônitos para o atirador e vêem que foi Maria, que tremulava de nervoso pelo que acabou de fazer.
As outras crianças fixam suas atenções de onde proviera o barulho e como uma manada elas vêm, todos espalhados como numa formação de combate. Era o que João queria, fazê-los se dispersarem para poder andar com mais liberdade. Estava com um lugar em mente, bem seguro, aonde iria levar todo mundo. Acelera ao máximo e sai atropelando várias delas. Algumas são espertas e se seguram no carro, querendo tirá-los de lá, porém são executados por Silvia e os outros. Que faziam isso com total desgosto e renunciando a sua “humanidade”.
João bradava irritado com as várias crianças que apareciam no caminho, estava até vermelho e ligeiramente suado. Elas apenas sossegaram quando conseguem derrubar Maria. A coitada não teve chance alguma, foi totalmente seca pelos contaminados se-dentos por sangue.
Todos se entristecem pela perda, entretanto João consegue abrir caminho já que eles estavam distraídos com sua refeição. Ele chega até um beco e pára próximo de uma casa de tijolinhos, pedindo que todo mundo desça.
- Não podemos parar, temos que sair daqui. – exclama Sônia –
- Deixa de ser idiota garota, - Fábio a exorta – não percebeu que até aqui as crianças estão anormais. Dará na mesma se sairmos da cidade.
João se mune com sua escopeta e pede que lhe sigam, e todos entram na casa de tijoli-nhos.
- Ricardo. – chamava João, mas ninguém aparecia – Onde esse babaca está...
Fica surpreso em ver o seu amigo estirado ao chão. Morto e sem uma gota de sangue no corpo.
- Esse é o Ricardo? – pergunta Leandro –
- Sim, - responde João – ele que contrabandeava comigo.
Sem ficar muito emotivo, João pede que eles vão para os fundos procurarem por um grande baú, onde teria muitas armas e munições dentro. Silvia não estava com cabeça para isso, seu marido está morto e seu filho é o assassino. Senta-se na cozinha e entrega-se ao pranto.
O pessoal se muniu até os dentes e se reuniram na sala para poderem discutir o porquê desse problema, já que as crianças deram uma sossegada lá fora. Porém Silvia não estava entre eles. Então João vai procurá-la. Ele a encontra completamente deprimida e com os olhos inchados de tanto chorar. Fica comovido com sua situação e tenta amenizar:
- Me desculpa por ter te xingado e colocado à culpa em você, mas é porque isso está muito louco para mim... Tive que atirar na minha sobrinha e não está sendo nada fácil admitir o que fiz... Não vou ter coragem de dar essa noticia pra minha irmã.
Silvia levanta-se secando as lágrimas e diz:
- Não está sendo fácil para ninguém... Vi diante dos meus olhos meu próprio filho matar meu marido e depois sugar seu sangue... – ela volta a se emocionar e como um imã, ela gruda em João, lhe dando um forte abraço de dor – Queria que isso fosse apenas um pesadelo e que eu acordasse dele.
Ele também lhe abraça e diz:
- Também queria.
Todos estavam num silêncio mórbido na sala, não disseram nenhuma palavra desde que João foi procurar por Silvia. Logo eles se juntam a todos. Silvia seca as lágrimas e tenta se manter forte para poder pensar.
- Bem pessoal, - começa ela – vamos juntar as peças e tentar entender essa loucura. O que temos para discutir?
- Temos o fato de que todos os afetados são crianças. – objeta Cíntia –
- Eu já disse, – discorda Fábio – isso não tem nada a ver. Meu primo de 18 anos foi afe-tado também.
- Mas seu primo foi o único na fase adulta que foi afetado, estamos indo pela maioria. – diz Sônia –
- Vai ver esse seu primo tinha algo vulnerável no corpo, por isso. – deduz Evandro –
- Não acredito nisso. – retruca Fábio –
- Mas de certa forma, não fomos afetados e como o Leandro já disse, as crianças que não comeram do peixe também não foram. – impõe-se Cíntia –
- O estranho também é que elas não eram atacadas pelas afetadas, pareciam que não estavam lá para eles. – Silvia dá sua opinião –
Todos concordam com isso e discutem entre si sobre o que possa ser. Para facilitar o entendimento, cada um falou sua idade. João 37, Silvia tem 34 , Leandro 20, Cíntia 19, Sônia 17, Evandro e Fábio 15.
- A Suellen tinha 14 anos, não é? – pergunta Silvia –
Meio triste, Evandro confirma. Silvia se entristece ao ver o rosto de Evandro, seu filho Pedro tem a mesma idade dele. Já descobrem que crianças de 14 anos para baixo são afetadas sem dúvida, pois Suellen não foi à única de 14 anos a ser afetada. Mas com o depoimento de Fábio, fica confuso de saber o que realmente ocorre, ele disse que comeu do peixe e não foi afetado, mas seu primo de 18 anos que também comeu, foi afetado. Começam a pensar em alguma resposta, entretanto, está muito difícil juntar as peças.
João estava nervoso e frequentemente limpava sua testa. Fora beber água várias vezes para lhe aliviar o calor. Silvia o vê nessa situação e fica perto dele e tenta retribuir o favor que ele lhe fez na cozinha, de emprestar seu ombro para ela chorar. Um ruído sú-bito na porta dos fundos acontece. João vai verificar e descobre que foi provocado por um vendaval que começara.
Novamente reunidos, põem-se a raciocinar. Silvia não entendia porque seu filho foi afetado e Fábio não, sendo que tem a mesma idade. Uma idéia perturbadora lhe vem à mente e ela pergunta para Fábio:
- Você tomou a vacina antitetânica Fábio?
- Por que me pergunta isso?
- Apenas responda! – diz ela, nervosa –
Fábio confirma, sem entender nada.
- E seu primo?
Fábio pensa e responde-lhe:
- Bem, ele veio do interior e arrumou um bom emprego aqui. Ele queria até se estabilizar nessa cidade, mas a empresa cobrou que ele tomasse todas as vacinas que faltavam na carteira de vacinação. Creio que ele não tomou a antitetânica. Mas o que isso tem a ver?
Crente de que seja isso, ela diz:
- Pode ter tudo a ver, pois meu filho tem sua idade e não tomou a vacina. Eu pegava no pé dele todo o dia para fazer isso, só que ele sempre adiava. Creio que todos aqui tam-bém tomaram essa vacina. E ela nos deixou imunes contra esse mal.
Um a um confirma, chegando a João que um pouco ofegante, também confirma. Evan-dro lança-lhe um olhar duvidoso e começa a encará-lo. João vê que está sendo encarado e lhe diz:
- O que foi garoto?
Evandro apenas balança a cabeça, negativamente.
- Então isso prova minha teoria. – continua Silvia – Apenas quem fez 15 anos que pode tomar a vacina. As crianças foram afetadas por causa disso, por não serem vacinadas.
Ainda cheio de dúvidas, Sônia pergunta:
- Mas isso não explica as crianças não afetadas não serem atacadas e as que foram, beber o sangue dos adultos que matam.
Silvia lembra de seu filho e fala:
- Lembro que meu filho começou a ficar com febre e ele correu para a cozinha e esvaziou o galão de água mineral... – essa parte era a mais difícil de contar, mas era seu dever concluir – Foi quando ele matou meu marido e bebeu do sangue dele, foi quando ficou mais calmo.
Todos concordam, lembram de terem presenciado as crianças terem entrado em transe e ficado mais calmas quando bebiam do sangue de um adulto. Todavia, tentavam entender essa questão, quando vem uma hipótese para Leandro, que logo expõe:
- Pode ser que eles ataquem os adultos e bebam seu sangue para aliviar a dor que estão sentindo. Já que a antitetânica circula por anos no sangue de uma pessoa, pode dar certo alivio para a dor deles se beberem de uma pessoa vacinada. Em hipótese de que a vacina combata esse vírus ou sei lá o quê.
Concordam entre si, tais hipóteses tinham um pouco de fundamento. Já que é apenas a única explicação plausível em que podem se apoiar. Evandro olha novamente estranho para seu tio, que segue para a cozinha, outra vez. Levanta-se e o segue, queria ter uma conversa com ele.
Estavam todos aflitos com a situação. Pareciam estar esperando uma bomba relógio explodir. Não sabiam quando as crianças atacariam novamente.
Um grito de dor, seguido de um disparo acontece na cozinha. Assustados, eles vão para lá, saber o que houve. Nisso encontram João caído no chão um pouco abatido e uma estrada de sangue que se estendia até outro cômodo. Silvia segue o rastro e nesse instan-te ela deseja que seu coração pare, pois era seu filho Pedro se saciando do sangue do corpo de Evandro, já morto.
Grita desesperada e afasta-se dali, correndo para a sala, completamente apavorada. Le-andro corre para o final do rastro, munido com uma AK 47 e apenas encontra o corpo de Evandro, sem nenhuma gota de sangue no corpo. Nem dá para raciocinar direito porque ocorre um estouro e outro grito, porém este é familiar.
Leandro corre para o local em que ouviu o grito e vê Sônia e Fábio atirando em direção a porta. Quando vê, eram várias crianças que entraram e os dois estavam abatendo-as. Repara que Cíntia não está com eles e sente a maior angústia de sua vida. Várias crianças estavam bebendo do seu sangue...
O desespero miscigenado com o ódio se apossa dele e começa a disparar descontrola-damente contra os pequenos. Vai abatendo um a um, porém parecia um formigueiro. Apareciam mais e mais. A munição de Sônia e de Fábio acabam e vendo isso, Leandro toma uma atitude desesperada:
- Saíam todos daqui e vão para um lugar seguro!
- Mas e você...? – pergunta Sônia, preocupada –
- Que se dane, não tenho mais nada a perder. Agora vão logo droga!
Meio hesitantes eles obedecem, saindo pela porta dos fundos. Levando consigo Silvia, que estava transtornada com tudo isso. Leandro descarrega a munição em todos eles, tirando-os de cima do corpo de Cíntia. Com o caminho limpo; em prantos aproxima-se dela e ajoelha-se ao seu lado. Beija inconsolavelmente o cadáver de sua namorada, de-sejando morrer junto com ela. Como o estouro de uma manada, mais crianças aparecem e cobrem Leandro rapidamente, sem chance de reagir. Morrendo de sede, as crianças se saciam com o seu sangue.
Silvia, Sônia e Fabio começam a correr para um lugar mais tranqüilo e sem crianças, mas estavam sendo seguidos. Escutavam passos rápidos bem atrás deles. Silvia temia que fosse o seu filho. E para piorar, o seu temor se realiza, mas não o de seu filho, mas sim de uma criança que pára bem à frente deles. Sem muita defesa, Fábio usa um punhal que encontrou na casa do amigo do João e ameaça cortar a criança.
A criança vem com tudo para cima de Fábio, que enfia o punhal no estômago dela, po-rém não entra completamente e a criança o derruba. Silvia pega uma lata de lixo e joga contra ela, que dá um soco contra a lata, amassando-a. Fábio aproveita e corta o rosto dela de raspão, abrindo um corte semiprofundo. A criança não se abate e torna a avançar contra eles, quando um tiro certeiro atinge sua cabeça, derrubando-o ao chão.
Era João, munido com sua 9 mm. O homem estava atordoado, ligeiramente suado. A-proxima-se rapidamente deles e ligeiramente suado. Aproxima-se rapidamente deles e vocifera:
- O que estão fazendo parados?! Mexam-se seus idiotas!
Plenamente irritado, João carrega-os para sua caminhonete e dá a partida no carro, sendo seguido pelas as crianças insanas e sedentas pela cura sanguínea.
- Para aonde vamos agora? – pergunta Sônia, aflita –
- Para um lugar longe dessa merda toda. – retruca João, estabilizando sua raiva e suando menos –
O motorista cansado pega uma de três garrafas de água gelada que resgatou da casa de Ricardo e leva o líquido refrescante goela abaixo. Silvia, Fábio e Sônia estranham seu comportamento e sua sede insaciável.Vendo-os encarando-o, ele diz:
- Vocês querem um pouco de água?
Os demais nada respondem e voltam suas atenções a estrada. João dá de ombros e con-tinua a beber sua água. Fábio e Sônia só conseguiam pensar na morte de seus pais, na morte dos outros e como conseguiriam sair desse pesadelo. Silvia só queria uma solução, um milagre, que um anjo descesse do céu e acabasse com essa loucura; ou qualquer outra coisa, mas que desse um fim nessa maldição que afetara suas crianças. Seu pobre Pedro e seu falecido marido... João apenas secava a testa úmida e esvaziava as garrafas com sua sede voraz. Sentia-se irritado por estar suando tanto e sentir uma queimação interna. Descobre que a água melhorava-o em instantes, mas depois piorava a situação. Queria apenas um antiácido para exterminar essa azia chata.
Durante algumas horas de viagem, eles chegam a capital e ficam estarrecidos. O mesmo acontecia aqui; foi quando João começa a bater a cabeça no volante e diz:
- Nossa cidade exporta a pesca para a capital, que exporta para outras cidades e esta-dos... Estamos perdidos...
Todos ficam aflitos e pensativos, não podiam desesperar-se neste instante, só iria piorar as coisas. Silvia agora entende que o local de pesca que estava contaminado e não so-mente os peixes que seu marido pescou. Fábio tem uma idéia e logo se expressa:
- Vamos para uma mata fechada ou uma floresta, lá não vamos ser atacados por nenhu-ma criança e podemos pensar numa solução mais calmamente.
- O garoto está certo, - diz João - vamos para uma reserva ambiental que tem próximo daqui.
João guia o carro com a sua azia e nervosismo aumentando. Silvia apenas desejava morrer agora, talvez pelas mãos de seu filho. Decide que irá matá-lo e depois se matar, mesmo que isso seja doloroso e a coisa mais difícil de sua vida. Não quer ver seu filho viver como um monstro...
Subitamente mãos quebram o vidro traseiro da caminhonete e agarram o rosto de Fábio e Sônia que estavam ao lado de João, que perde o controle do carro e capota passando por um barranco de terra. Silvia e João abrem os olhos ao escutarem um grito horroriza-do. Percebem que estão de ponta cabeça, parcialmente feridos e que já amanheceu. Sil-via estava com um leve corte no pescoço que sangrava. Sônia e Fábio já não se encon-travam no carro... Apressadamente os dois retiram-se do carro e presenciam uma cena lamentável; principalmente para Silvia...
Pedro estava à frente dos dois e seu corpo estava coberto do sangue dos corpos de Sô-nia e Fábio, mortos aos seus pés. O intrigante era que o jovem estava chorando e com um semblante tortuoso de dor e desprezo. Fita desesperado a face da mãe e dirige chorosa-mente a palavra a ela:
- O que foi que eu fiz mãe...? Quando me dei conta, eu estava deitado ao lado da Sônia e do Fábio... Eles estão mortos, meus amigos estão mortos...!
Silvia não pensa duas vezes e abraça o filho fortemente, caindo em prantos copiosos. O rapaz chora desvirtuadamente, sua mente é bombardeada com as imagens de seu assas-sinato. Sentindo-se um monstro, ele vocifera choroso:
- Eu matei meu pai...! Eu matei meus amigos...! E quase matei minha mãe...! Meu Deus! Que monstro eu me tornei...!
Com a raiva excessiva, o rapaz sente o braço esquerdo formigar e suas pernas perdem a firmeza e só não cai no chão porque sua mãe o segurara.
- Meu Deus! Meu filho, por favor não morra! Não...!
Tarde demais, Pedro sofre um enfarte pelo estresse excessivo e morre. Silvia chora sobre seu cadáver, desejando que ele volte. Descobre agora que não conseguiria cumprir sua promessa de matar seu filho. Mal agüentava ver seu querido falecido naquele mato com folhas secas. Sente-se a criatura mais miserável que este mundo já pariu.
João vê a triste cena e lembra-se de seus sobrinhos. Isso o irrita ainda mais e sua azia piora; voltando a suar. Quis consolá-la e sentou-se ao lado de Silvia e repousara sua cabeça sobre o ombro dela, que nem mais ligava para nada. Por ela, que um meteoro caísse na Terra e dizimasse toda a vida que existe, que não estaria nem aí. Sua vida já não existe mais. João começa a ficar confortável perto de Silvia e sua azia começa a amenizar. Sente seu coração disparar e um sentimento quente o envolve naquele instante. Sente uma incrível disposição e vigor, como que o contato com o corpo dessa mulher lhe presenteasse isto. Suas narinas que eram as mais agraciadas pelo aroma delicioso que exalava do pescoço da mulher. Deita-se ao lado dela e abraça-a por trás, sem que ela desse a mínima para essa atitude estranha. Cheira-lhe novamente o pescoço, aprovei-tando cada partícula de oxigênio e diz em seu ouvido:
- Você é tão atraente Silvia, seu corpo me deixa excitado... - João beija levemente seu pescoço e lambe-o com prazer, depois, com os olhos irritadiços, volta a falar - Princi-palmente seu sangue cheiroso e gostoso; que me deixa aliviado...

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