quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

A Cortina Vermelha



As lágrimas escorriam do rosto de Lúcia, pois seu filho Jonny havia morrido de uma doença misteriosa. Ela havia deixado o quarto de Jonny seu filho falecido, diferente do que era, pois sabia que fora nele que adoeceu, mas um item não fora mudado de lugar. Era a cortina de cor avermelhada que Jonny sempre brincava. Glauco que era marido de Luci e padrasto de Jonny, dizia que ela não deveria se prender as coisas pessoais de Jonny e pedia que ela sumisse com a cortina. Mary Luci relutou meses para não se livrar da cortina, pois não queria perder a memória de seu filho, mas Glauco insistiu tanto que ela cedeu. Ele embalou a cortina em uma caixa de papelão e enviou em um endereço um pouco próximo dali.
Um conhecido de Glauco foi entregar a cortina para o tal endereço, era uma casa enorme e bem bonita. Duas jovens receberam o pacote, elas o levam para dentro e mostram à quatro rapazes que estavam sentados a mesa, um deles pergunta:
- Esse é o presente do Glauco?
- Sim. - responde uma delas com um sorriso macabro no rosto -
- Então começaremos as festas!
Todos descem até o porão, que por sinal era espaçoso e esparramam a cortina ao chão. Um dos rapazes diz:
- Hei, deveríamos esperar a Solange e a Mel.
- Não se preocupe Humberto, depois elas verão o resultado. – diz uma das mulheres -
A outra jovem diz a um dos rapazes:
- Luciano, porque não começa a fazer o círculo de uma vez?
- Calma Bárbara, só preciso encontrar a matéria-prima! – Luciano a acalmando -
- Cláudio e Diego, ajudem também pegando as oferendas! – diz a outra jovem -
- Já basta a Bárbara de mandona, agora tem a Lídia também. – Cláudio reclamando -
Cláudio e Diego sobem as escadas para pegarem as oferendas, enquanto Bárbara e Lídia arrumavam a cortina e Luciano terminava o círculo.
Passado algum tempo, eles resolvem tudo, Cláudio e Diego haviam trazido as oferendas, Bárbara e Lídia arrumaram a cortina, Luciano terminara o círculo com inscrições estranhas e Humberto segurava as oferendas.
Humberto para ter certeza que tudo estava certo pergunta:
- Vocês verificaram se a cortina contém o sangue do tal garoto?
- Sim lógico, não somos burras sabia? – diz Lídia ofendida -
Então Humberto envolve o círculo com as oferendas que eram sete jarros cheios de sangue e o corpo de Jonny da qual eles haviam surrupiado do túmulo recentemente fica de frente para o círculo de proteção e dentro do principal, assustada Bárbara pergunta:
- Não era para o corpo do garoto estar em decomposição, pelo tempo que ele já foi enterrado?
- Esse motivo também me intrigou, mas o mais impressionante é que retirei todo o sangue de seu corpo e nem pálido ele está! – Humberto responde intrigado -
Ele vê se o círculo estava na direção exata da cortina e do corpo, que fica por cima da cortina, entra no círculo de proteção, Luciano se pronuncia:
- Sou eu quem vai fazer o ritual, porque eu fiz o círculo! – diz Luciano com autoridade -
- Mas a questão é que tenho mais experiência e este círculo está...
- Não quero saber se tem experiência ou não, a questão é que eu fiz e vou terminar. – interrompe Humberto bruscamente -
Humberto então o deixa reger e sede o espaço dentro do círculo e entra no outro que as mulheres haviam feito para se proteger. Luciano entra e começa a conjurar. Passa alguns minutos e um forte vento acinzentado fica no lugar, Luciano diz:
- Ó poderoso Sammael, príncipe da Sheol, traga a vida a este corpo oco que havera de ser tirado por males espirituais. Que assim seja!
O vento fica mais intenso e era perceptivel um aspecto demoníaco formado nele que de tão forte criou forma. O vento rodeou o círculo diversas vezes esvaziando os jarros até os deixarem secos. Luciano começa a rir e diz:
- Eu sou o melhor!
Humberto dá uma risada maliciosa e diz:
- Morra seu idiota!
Luciano se assusta com o que Humberto diz e subitamente o vento entra no círculo e o envolve, sem muita reação, ele cai morto ao chão.
- O que houve? O que aconteceu ao Luciano? – Cláudio pergunta assustado -
- Ele esqueceu de fazer o símbolo de proteção, então o demônio tomou sua alma. – explica Diego -
Humberto ri e toma uma cotovelada de Bárbara que diz:
- Como pode fazer isso com ele? Eu tenho certeza que você sabia!
- Eu tentei avisar só que ele quis me ouvir, fez por merecer! – Grita raivosamente -
- Calem-se! Vejam, está acontecendo. – Diego aponta para o garoto -
O vento começa a rodear o garoto e um círculo de fogo o contorna. Gritos agonizantes do inferno podem ser escutados e as linhas do círculo começam a interligar com o corpo do garoto e todo o vento entra pela boca dele. Todos observam atenciosamente e o corpo dele começa a flutuar, um forte vento que brotava do chão o erguia até o teto.
De repente um buraco negro começa a formar no peito do garoto e um vulto é sugado por ele. O vento retorna e começa a rodear o pescoço dele até virar um colar de ferro, cercados por sete grandes pedras negras. O corpo do garoto começa a descer e toca no chão, ficando em pé.
Certo de que acabou, Humberto pede permissão para sair do círculo e aproxima-se do garoto perguntando se ele podia o entender. O menino abre os olhos e Humberto leva um susto, os demais pedem licença e saem do círculo perguntando o que havia acontecido, todos olham e também ficam assustados.
- Que merda é essa? – pergunta Diego -
- O idiota do Luciano não fez direito e deu nisso! – reclama Humberto -
Os olhos do menino estavam cobertos de sangue que escorriam, não dava pra saber em que direção ele olhava de tão alagado que estava. O menino gira a cabeça pro lado e todos se assustam pelo movimento rápido, ele começa a andar até uma pilastra de madeira e começa a mordê-la ferozmente. Diego respira fundo e diz:
- Vou avisar ao Glauco que deu tudo errado.
Ele começa a subir as escadas e os outros ficam observando o garoto, que rapidamente arranca a madeira do lugar e a rói ferozmente. Lídia com muito receio, pergunta a Humberto:
- Que droga ele está fazendo?
- Bem eu não sei de tudo... – responde Humberto -
De repente o garoto para e estica o corpo, ficando apoiado somente pelas pontas dos pés, como um suricate guardando sua toca dos ataques das hienas. Rapidamente o garoto corre subindo as escadas, quase que impossível de se ver a velocidade, todos tomam um susto e sobem as escadas rapidamente, Cláudio tenta abrir, mas estava trancado.
Diego havia discado para a casa de Glauco e escutava o terceiro toque do telefone. Subitamente, sente um gosto enferrujado na boca e uma espécie de líquido escorrendo dela, ele assusta-se e vê o que era, para sua surpresa saía do telefone, rapidamente ele o larga e vê que era sangue. Assustado, olha para os lados, mas não encontra ninguém, escutando apenas um quase inidentificável ruído, ele ri e diz raivosamente:
- Belo truque, mas não estamos de brincadeira aqui!
O ruído aumenta e se torna um som gutural agudo, parecidos com grunhidos de porco, ele tenta procurar, mas não encontra ninguém. Acidentalmente, pisa em algo pastoso, parecendo que havia pisado em uma barata cascuda, olha no que pisou e vê que era um líquido preto. Sente uma gota extremamente quente cair em seu pescoço, ele dá um salto para trás e olha para cima. Subitamente uma coisa pula em seu peito e fica grudado nele cravando as unhas no grande peitoral, ele grita de dor e tenta tirar o garoto endemoninhado de perto dele, mas o garoto crava mais profundo em seu peito, juntando as mãos em direção à linha branca do corpo, rachando assim o osso esterno. Diego tenta esmurrar a dura cabeça do garoto que parece não sentir um mínimo de impacto. O garoto emprega mais força e parte ao meio o osso esterno, fazendo-o gritar de dor agonizante, assim abrindo completamente o peito de Diego. Seu coração aos poucos vai perdendo os batimentos e antes que terminasse, o garoto arranca bruscamente de seu corpo.
De tanto tentar eles conseguem arrombar a porta e procuram pelo tal garoto, mas a única coisa que encontram, são pegadas de sangue, inclusive no teto. Todos ficam preocupados com Diego e resolvem procurá-lo. Depois de um tempo, Bárbara grita apavoradamente, todos se assustam e resolvem procurá-la, quando a vêem imóvel, percebem o motivo do grito, o corpo de Diego estava inexplicavelmente grudado no teto, sem os órgãos internos e o olho esquerdo, completamente oco. Eles ficam apreensivos, fazendo que nessa medida inesperada Cláudio pronunciasse:
- Não disse que isso daria em merda! Agora estamos condenados!
- Cláudio, você não está ajudando dizendo isso. - Humberto tenta acalmar -
- Como quer que fiquemos?! O Diego está morto droga! - Bárbara diz completamente apavorada -
- Quer que eu faça o que droga?! Discutir não vai resolver nossa situação! - replica Humberto -
- Ele está certo, temos que matutar com calma e resolver esse assunto. - diz Lídia -
Bárbara pega as espadas que estavam empunhadas na parede e joga para cada um deles, dizendo:
- Então o que estamos esperando? Vamos matar esse desgraçado!
Cada um vai com um parceiro para dar apoio e fazer um reconhecimento maior de onde o garoto possa estar. Bárbara e Humberto vão para os fundos da casa, enquanto Lídia e Cláudio cobrem a garagem. Nos fundos havia uma vasta seleção de plantas, onde seria um ótimo refugio ao menino insano, começam a procurar, Bárbara pega a parte esquerda enquanto Humberto à direita. O mato começa a se mexer e Bárbara fica atenta, protegendo-se com a espada a sua frente, com um sinal chama Humberto, que ao ver segue em sua direção. Ela começa a aproximar-se e algo pula pra fora do mato, num golpe de desespero, difere a espada na tal criatura e salta para trás, caindo ao chão logo em seguida. Humberto ao ver, segue em seu auxilio e a levanta, um pouco sem fôlego ela diz:
- Acho que matei o desgraçado!
Eles vão verificar e encontram um sapo fatiado, Bárbara estranha e diz:
- Quando ele pulou pareceu maior.
- Deve ter sido o seu medo que o deixou grande.
- Mas mesmo que seja um sapo, como ele veio parar aqui? Se hoje mesmo eu cuidei deste quintal.
Humberto olha pro céu e diz:
- Deve ser porque vai chover bem forte e eles procuram sempre um lugar para se proteger.
Na garagem, Lídia verificava o carro enquanto Cláudio os armários de ferramentas. Vendo que não estava na garagem, resolvem procurar em outro lugar, Cláudio aproveitando pega uma marreta e facão de peixeiro e é o primeiro a sair, Lídia resolve dar uma outra olhada já que pareceu ver algo, mas não encontra nada, retorna para a saída. Subitamente o carro é arrastado e a prende contra a parede. Ela grita de dor, mas não podia ver quem havia feito, pois seu rosto estava prensado contra a parede, impossibilitando a visão. Cláudio vem correndo para ver o que é, e depara-se com o medo, o garoto estava encima do carro e voltou o olhar para ele, que ao vê-lo paralisa-se de temor. Sua pele ficou acinzentada, suas unhas estavam compridas e afiadas e ao mostrar os dentes para intimidar Cláudio, reparava-se que estavam afiados como o de um tubarão, seus olhos continuavam os mesmos, sombrios e sangrentos e Cláudio encontra o olho perdido de Diego, estava grudado em uma das sete pedras negras do colar do garoto. Cláudio grita apavorado e corre de medo, o garoto o segue, mas escuta o choro de dor de Lídia.
Ela apavorada pergunta:
- Cláudio, cadê você? Por que está gritando?
De repente escuta um barulho, como se alguém tivesse pulado encima do carro. Seu rosto coberto em lágrimas clamava que fosse Cláudio para ajudá-la, então pronuncia:
- Quem está aí? Por favor, me ajude?
Seu cabelo é puxado bruscamente e ela berra de sofrimento, enquanto berrava algo penetrou em sua boca, tinha gosto de terra com graxa, mas ela não abria os olhos, pelo desespero da morte. Descobre que é uma mão, quando sente as unhas no céu da boca e quatro dedos em sentido contrário a maxila, tomando coragem abre os olhos e vê o bizarro garoto, ela grita abafadamente e o menino mostra seus dentes mortais com o susto, empregando força sobrenatural, arranca a cabeça da maxila do corpo de Lídia.
Cláudio consegue achar Bárbara e Humberto, eles reparam que Cláudio estava cadavericamente pálido e que ofegava como alguém que acabara de salvar-se de um afogamento.
- O que houve Cláudio? – Humberto pergunta preocupado -
Cláudio apóia as mãos nos joelhos e tenta recuperar seu fôlego que foi tirado pelo susto, ao recuperar diz:
- Eu vi... Eu vi o garoto... Está totalmente... Demoníaco!
- Como assim? O que houve realmente? – Bárbara receosa -
- Ele está... Com a pele acinzentada... Com os dentes serrilhados...
- Mas que diabo está acontecendo? – Bárbara confusa -
Ela repara que Humberto fica pensativo e sem dizer palavras, com certeza dele saber pelo menos de algo, pronuncia:
- Sei que sabe de algo Humberto, então diga logo!
Sem muito que esconder fala:
- Lembra quando o vento o ressuscitou?
- Sim lembro.
- Depois que o vento cessou, um colar surgiu em volta de seu pescoço. Parece-me que Sammael o apadrinhou!
- Como assim o apadrinhou?! – pergunta assustada -
- Já que o idiota do Luciano não conjurou adequadamente, o garoto não devia ter ressuscitado, mas por algum motivo Sammael o fez.
- Nossa então é por isso que ele está matando compulsivamente.
- É verdade. Bom Cláudio, onde ele...
Sua fala cessou, pois não encontrou Cláudio em lugar algum.
- Onde ele foi? - pergunta Bárbara -
- Ele estava ao nosso lado quase agora! – responde Humberto -
Bárbara começa a desesperar-se e exclama:
- Não ficarei nem mais um minuto nessa casa maldita!
Começa a correr apavoradamente para a saída, Humberto tenta impedi-la, mas não consegue. Ela está quase atingindo a saída, quando inesperadamente algo grande cai encima dela, um grito ensurdecedor ela propaga no ar, Humberto ao escutar segue em direção.
Bárbara leva as mãos ao rosto, pois não acredita no que testemunha, Cláudio estava suspenso no ar por vários arames farpados, que atravessavam sua carne e o deixando esticado para que sua dor fosse maior. Mas o mais bizarro é que de seu peito até a virilha estava arrombado sem seus órgãos internos e na face, foi retirada a narina. Humberto chega e fica abismado com o que vê, Bárbara com muito medo esconde sua face abraçando Humberto, principiando a chorar descontroladamente. Estranhamente uns barulhos de estouros surgem e os dois começam a seguir para a saída, quando chegam percebem que fora bloqueada por vários objetos. Desesperada, Bárbara segue correndo para a garagem, Humberto tenta segurá-la, mas novamente de nada adianta.
No caminho da garagem, ela encontra uma marreta e um facão, supostamente abandonados por Cláudio, pelo susto que tomara. Pega a marreta e continua seu trajeto, ao chegar, depara-se com o garoto encima do carro, ele parecia esperá-la. Extremamente rancorosa ao ver o corpo de Lídia prensado contra a parede e do jeito que morrera, ergue a marreta para acertá-lo, ele mostra suas presas nocivas para intimidá-la.
Os dois ficam analisando um ao outro, esperando quem precipitará o primeiro movimento, percebe que no colar do garoto, por cima das pedras, havia um olho, uma orelha e um língua, sabendo que pertencera a seus amigos. Ela se cansa de deixar erguida a marreta e a apóia no chão, ao ver este movimento o garoto pula para cima dela e com um movimento rápido, suspende a marreta, fazendo-o voar longe, deixando-o inconsciente logo em seguida.
Humberto chega ao local e vê que ela o abateu, percebe que estava nervosa, extremamente trêmula e largado a marreta ao chão. Ele abraça-a confortando-a.
Depois disso, vão analisar o garoto e seus corações tremem de tão veloz suas batidas. Bárbara fica nervosa querendo saber onde ele fora parar, Humberto arma-se com a espada que Bárbara havia lhe dado e eles começam a seguir até o portão da garagem.
Eles analisam cuidadosamente e o garoto havia realmente sumido, esperançosos tentam abrir o portão da garagem, mas não conseguem.
- Não, não, não! Isso não pode estar acontecendo! – berra Bárbara levando as mãos na cabeça -
- Sammael selou esta casa para ninguém entrar e nem sair. Só sairemos daqui, quando matarmos seu afilhado. – explica Humberto -
- O que vamos fazer?!
- Teremos que ir ao porão e ver se tem algum livro que nos ajude.
Sem mais demora, eles partem rapidamente para o porão.
Duas jovens ficam em frente a casa, com muitas sacolas nas mãos. Uma delas coloca a chave na fechadura da porta da frente para podê-la abrir e consegue. Elas entram e seguem para a sala.
Bárbara e Humberto vasculhavam os livros, em busca de algo que os auxiliassem nesta ocasião tenebrosa, quando escutam sons de passos. Eles assustam-se e armam-se com o que tem, sobem a escada e com muito cuidado abrem a porta. Escutam que os passos cessam e calmamente procuram o garoto, repentinamente vêem algo e partem para atacá-lo, com sucesso os dois acertando ao mesmo tempo. Uma voz apavorada grita.
- O que vocês fizeram?! Mataram ela!
Eles assustam-se e vão analisar, ficam apavorados ao ver, que mataram Solange, uma de suas amigas. A outra mulher que era Mel, enlouquecida de ódio diz:
- Estão loucos?! Por que fizeram isso?!
- Não foi por querer, pensamos que fosse o maldito garoto! – Bárbara em prantos -
- Que garoto?! Eu não vi nenhum maldito garoto! – diz Mel examinando o corpo -
Bárbara olha para Humberto e pergunta:
- Você não disse que ninguém saía e entrava?
- Isso foi só uma teoria, mas pelo jeito, só há como entrar!
- Mas que merda está acontecendo? – interrompe bruscamente a conversa -
- Vocês estão loucos? Não vêem o que fizeram seus desgraçados...
- Calma Mel, ninguém está louco... – Humberto tenta explicar -
- Calma? Você quer me pedir calma numa hora destas?
- Mas me deixa expli...
- Vou chamar o Glauco aqui e acabar com... Aaaaiiiiii! - subitamente ela cai ao chão e é arrastada por algo -
- Socorro! Ai me ajudem! – clama Mel auxilio -
Os dois tentam acompanha-la, mas seu corpo atravessa cômodo por cômodo ligeiramente, usando os pontos acessíveis de entrada.
Finalmente quando alcançam, a vêem pendurada em buraco no teto, sendo puxada para dentro, mas não entrava, pois o buraco era muito pequeno.
- Aiiii... Aiiii... Dói demais... Socorro... – introduz Mel a sua dor em lágrimas -
- Fica calma, vamos ajudá-la! – Humberto consola -
- Por favor, rápido, está doendo.
Humberto e Bárbara seguram nas mãos dela e começam a puxá-la para baixo. Ela grita dolorosamente.
- Aiiii... Ele está me puxando mais forte!!!!
Eles tentam salvá-la, mas o garoto foi mais forte, fazendo partir o corpo de Mel ao meio e puxando para dentro do buraco. O sangue jorra e atinge os dois, fazendo Bárbara gritar histericamente, Humberto a agarra e a tira dali.
Apavorados tentam um lugar para se esconderem e pensarem melhor. Correm até os fundos, chegando ao quintal. Bárbara ajoelha-se e cobre seu rosto no solo, para não mostrar a aflição. Humberto pensa no que fazer, mas não tem a mínima idéia de como começar, de repente ouvem uma voz familiar:
- Vocês estragaram tudo!
Os dois procuram quem pode ter dito isto e encontram.
- Glauco?! O que faz aqui?! – pergunta Humberto assustado -
- Resolver a merda de vocês!
- Você já está sabendo? – pergunta Bárbara surpresa e apreensiva -
- Alguém ligou para minha casa e quando atendi, ouvi gritos de desespero e uns grunhidos. Então vi no identificador de chamadas e percebi que era daqui.
- Mas como você entrou sem que a gente percebesse? – pergunta Bárbara -
- Rapidamente peguei meu livro de feitiços e corri para cá resolver o problema, entrei pela porta da frente e dei a volta na casa. – explica Glauco -
- Nesse livro tem algo que nos ajude? – pergunta Humberto -
- Para saber se pode nos ajudar, preciso que me informe o que ocorreu.
- Primeiramente, foram precisos sete jarros de sangue de animal, Luciano não completou o círculo direito e sua alma foi levada. O anjo negro que invocou foi Sammael, o garoto ressuscitou com um colar de ferro com sete pedras pretas...
- E que nelas agora tem pregado um olho, uma orelha e uma língua. – interrompe Bárbara -
- Seus dentes estão serrilhados e suas unhas grandes e afiadas, percebemos que cada vítima teve seus órgãos internos arrancados e como a Bárbara disse, faltando algo da face. – Humberto termina a explicação -
Glauco fica pensativo tentando procurar uma resposta, balança a cabeça positivamente e diz:
- Entendi a simbologia...
- Então explique de uma vez! – Bárbara pede nervosa -
- Já devem saber que Sammael o apadrinhou?
- Sim. – responde os dois ao mesmo tempo -
- Sammael praticamente é aquele colar e a sete pedras simbolizam os sete dons.
- O motivo dele pregar um olho ou coisa parecida, faz com que ele conheça cada um de vocês e de como agiriam. Retirou as partes de cada um que mais lhe fossem úteis. Na questão dos órgãos surrupiados, é explicado na forma dos sete jarros de sangue, pois como ele veio pelo sangue, necessitará deste para viver neste plano.
- Ah, então quer dizer que Sammael está controlando o corpo do garoto? – pergunta Humberto -
- Não necessariamente... – responde Glauco -
- Como assim não necessariamente?! – pergunta Bárbara nervosa -
- Como expliquei Sammael o apadrinhou e só o induz a fazer o que ele quer
- Mas por qual motivo esse garoto teria vontade de matar? Por acaso tinha uma mente diabólica? – pergunta Humberto -
- Ao contrário, Jonny era um garoto amável e alegre.
- Então por que está com este instinto assassino? – indaga Bárbara -
- Ele procura vingança! – Glauco retruca -
- Mas porquê?! – Humberto em dúvida -
Glauco parece ficar extasiado, pois não produzia mais nenhum som.
- É com você que ele quer vingança não é? – inquiri Bárbara -
Glauco olha fixamente para o chão sem dizer palavras. Humberto com tremenda aversão diz:
- Então este maldito está matando por sua culpa!
- Vamos diga! – Bárbara pressiona –
Glauco não tendo mais o que esconder explica:
- Estava praticando em casa quando minha mulher havia saído para resolver um assunto familiar. Como Luciano, errei um passo do ritual e o demônio que era até o próprio Sammael, começou a perturbar o Jonny em vez de mim.
- Não queria que isso ocorresse, mas... O garoto começou a adoecer e freqüentemente expiava sangue por todos os poros do corpo. Minha mulher chamou um médico para resolver, mas eu sabia que ele não resolveria o problema.
- O caso do garoto ficou sem solução na medicina, então ela resolveu chamar um padre para exorcizá-lo, mas foi tudo em vão, o garoto regurgitou grande quantidade de sangue no padre e ele correu apavorado. Depois disso faleceu, então tive a idéia pedir a vocês que o revivessem com o sangue que ele havia derramado na cortina.
- Então quer dizer que ele seria ressuscitado para viver uma vida normal? Pensei que iríamos controlá-lo para fazer nosso serviço sujo! – diz Humberto indignado –
- Mas o garoto não podia viver como antes, pois seu lapso de memória seria lento, fazendo com que lembrasse dos momentos ruins, pois foi feito com magia negra. – diz Bárbara –
- Eu sei... Eu sei. – diz isso ajoelhando e iniciando a chorar –
- É que eu queria diminuir minha culpa fazendo isso, mas vejo que só piorei. – explica Glauco em prantos –
Humberto o pega pela camisa e o suspende na parede.
- Por causa de uma coisa idiota, quer que paguemos com a vida maldito?!
Bárbara segura Humberto e o faz largar Glauco, em seguida diz.
- Não é hora de brigar, pois temos que tomar cuidado com o garoto!
Humberto distancia-se com o maior rancor do mundo e tenta esfriar a cabeça, enquanto isso Bárbara tenta ajudar seu lado.
- Glauco, será que tem um jeito de acabar com ele? Pois mesmo que queira, o garoto vai continuar sendo um monstro e matando tudo que vê pela frente.
- Sim tem um jeito. – responde Glauco –
- E qual seria?! Por que não desembucha logo?! – raivosamente reclama Humberto –
- Quer parar de ser idiota e o deixar falar, droga! – Bárbara o exorta –
- O jeito é ter que queimar a cortina, já que lá continha o sangue do Jonny, assim fará ele perder a ligação com este plano.
- Que ótimo! – reclama Humberto –
- O que foi agora Humberto? – pergunta Bárbara –
- Se você não reparou, a cortina havia sumido quando fomos até o porão! – diz raivosamente –
- Droga, agora temos que tomar dele! – diz Glauco –
- O que estamos esperando? – diz ela –
Eles vasculham a casa atrás do garoto, procuram primeiramente na garagem, já que ele atacou mais ali. Não acham nada então resolvem ir para o segundo andar que continha só três cômodos, de repente escutam um barulho no telhado, automaticamente ficam prevenidos. Bárbara percebendo o que é diz:
- É a chuva. Sempre ocorre esse barulho no telhado quando chove, ainda mais no segundo andar.
Não dando importância, vasculham dois dos cômodos, mas nada encontram. A caminho do terceiro, percebem um movimento que corre por terceiro cômodo e rapidamente preparam-se para combatê-lo. Calmamente seguem até o cômodo e num relance, acendem a luz e entram com tudo. Novamente vêem outra cena lastimável, mas com uma diferença, o corpo de Mel estava totalmente dilacerado e sem os órgãos internos, com a cabeça quase intacta, lhe faltando o nariz.
Bárbara fica com ânsia de vomito, percebem que ele havia escapado pelo buraco que havia no chão e que havia puxado Mel para o cômodo.
Descem e procuram no exato local em que localizava o tal buraco, Glauco anima-se ao ver a cortina jogada no chão e a analisa, retira um isqueiro do bolso e inicia a queimar a cortina. Percebendo que iria demorar a carbonizar, Humberto diz que vai buscar álcool na cozinha e sai. Bárbara sente-se aliviada e senta-se no chão, mas é surpreendida pela voz apavora de Glauco.
- Ó meu Deus!
- O que foi?! – pergunta apreensiva –
Glauco ergue a cortina em chamas e aponta um buraco nela.
- O quê que tem?! – pergunta novamente –
- Esta era a parte que estava com o sangue!
Na cozinha, Humberto havia achado o álcool e no caminho de volta depara-se com Jonny encarando-o. Ele gela e procura pela espada, fica apavorado ao lembrar que esquecera de carregar, percebe que um pedaço de pano está cravado no colar. Sem muito que pensar, abri a garrafa de álcool e joga em direção de Jonny, o deixando meio atordoado pelo forte cheiro, ótima chance de pegar distância dele começando a correr.
Chega até os fundos da casa e esconde-se entre as plantas, para seu alivio encontra uma pá de ferro e a pega. Percebe um movimento rápido entre as plantas e Jonny pula dela caindo encima dele, os dois vão rolando entre a grama e Humberto o empurra, deixando-o bem distante. Aproveita que Jonny está se levantando e difere um golpe com a pá, bem no rosto fazendo-o cair instantaneamente, nisso começa uma seqüência de golpes mortais contra o garoto, até cansar.
Quando chega a conclusão de que já havia matado o garoto, crava a pá nas costas dele, fazendo espirrar muito sangue, depois disso cessa. Procura fôlego, pois seus golpes violentos o impediram de respirar. Depois vai procurar o álcool que havia deixado cair entre as plantas, encontra a garrafa que estava um pouco a mais da metade e escuta um som estranho, olha para trás e assusta-se como que vê. O garoto ainda deitado retira a pá cravada em suas costas, não acreditando no que presenciara, aproxima-se devagar dele e vê que suas costas estavam regenerando-se aos poucos, inclusive os ossos rachados.
Desesperado, começa a correr para dentro da casa. Passando por alguns cômodos, percebe que ele já o está seguindo, quando acha Bárbara e Glauco, para em frente deles.
- Aquele maldito é imortal, tentei mata-lo, pois bati muito nele até tirar sangue, mas de nada adiantou! – diz ele desesperado –
Subitamente algo pula em suas costas e começa a feri-lo, Bárbara e Glauco vão ajudar, mas receavam a atacar, pois Jonny estava cravado em suas costas e Humberto não parava de girar e gritar aterrorizado. Começa a se jogar de costas contra a parede e o chão, não tendo sucesso, joga um pouco do álcool na cara de Jonny fazendo-o hesitar, hora perfeita para jogá-lo no chão e obrigá-lo a ingerir todo o álcool, Bárbara crava as duas espadas no estômago do garoto, fazendo-o executar um som estridente e irritante.
Rapidamente Jonny as retira e Glauco joga o isqueiro na poça de sangue que se formara, começando a pegar fogo, Jonny amedrontado corre do fogo, que começa a persegui-lo pelo rastro de sangue, mas ele se protege grudando-se no teto e fugindo em seguida. Humberto pega o isqueiro antes que se acabe o gás.
Glauco anima-se e diz:
- Temos chance de derrotá-lo. Viram como estava cansado e deformado depois de ter lutado com Humberto. Não podemos deixar que beba sangue, assim ficará vulnerável.
- Então vamos rápido, pois parece que ele seguiu para o buraco que leva até o corpo da Mel. – diz Bárbara –
Escutando isso, todos seguem para o segundo andar e vêem o garoto bebendo o escasso sangue do corpo. Bárbara sem pensar duas vezes tenta o acertar com a espada, mas ele esquiva e gruda em seu braço direito, iniciando a mordê-lo.
Ela entra em pânico e diz:
- Tirem isso de mim, ele está sugando meu sangue!
Humberto rapidamente o acerta com a pá e o faz colidir contra a parede, acuado Jonny desce pelo buraco.
Bárbara inconsolavelmente começa a murmurar de dor, Glauco rasga uma parte de sua camisa e Humberto enrola no ferimento, ele a levanta.
- Maldito... Maldito... Ele vai me pagar! – em prantos ela promete –
Eles saem do cômodo e começam a descer as escadas, quando escutam um barulho e subitamente Glauco grita e começa a cair escada abaixo. Humberto e Bárbara haviam desviado e descem ligeiramente.
Ficam estáticos ao verem que Glauco estava de joelhos parecendo estar em êxtase e o garoto estava mordendo seu pescoço, o menino cessa e olha para eles mostrando suas horripilantes presas, seguido de um grunhido. Glauco ainda estava vivo, mas não conseguia se mexer pela grande perda de sangue. Jonny posiciona seu braço para trás e seus dedos ficam em linha reta, parecendo mirar na costa dele, Humberto e Bárbara armam-se contra ele, não tendo esperança de que Glauco sobreviverá. Jonny perfura a costa, todo o corpo de Glauco estremece pelo golpe e com tremenda força, arranca a espinha dorsal de seu corpo, fazendo-o dar seu último grito de vida.
Bárbara fica horrorizada de ódio e parte para cima dele, que recebe um golpe no estomago e cai inconsciente. Humberto fica louco de ódio e parte para cima de Jonny, que defende-se com a espinha dorsal. Humberto tinha boa destreza com a espada e derruba Jonny no chão, já que ele estava debilitado pela perda de sangue, Humberto pisa em seu pescoço e impossibilita sua locomoção, fazendo-o debater-se compulsivamente.
Ele pega o isqueiro e Jonny fica mais apavorado e a debate-se mais ainda. Humberto com um sorriso diz:
- Vá para o inferno filho da puta!
Splath, um som parecido com este acontece, a cabeça de Humberto fora arrancada. A espada lambuzada com seu sangue estava sendo portada por Bárbara, que ergue o garoto e abre com a espada o corpo de Humberto, para que Jonny pudesse saciar a fome, ele o faz.
Ela retira o pano que cobria seu braço e o ferimento parecia gangrenado, com pedaços podres e pretos, mas lentamente começa a se regenerar e ela vorazmente começa a comer junto com Jonny, os órgãos internos de Humberto, seus olhos não eram mais os mesmos, pois estava igual ao do garoto, estavam cobertos de sangue que escorriam, não dando pra saber em que direção olhava de tão alagado que estava.
Uma voz sinistra se pronuncia entre os dois:
- Bom trabalho aos dois! Agora começaremos a segunda e última parte do objetivo!
A voz vinha do colar de Jonny, era Sammael.
Passado um tempo, Bárbara estava ligando para alguém e imitando perfeitamente a voz de Glauco diz:
- Silva, preciso que retorne para minha casa o embrulho que pedi que levasse para aquele endereço.
- Pô cara, mas agora? Ta chovendo. – pergunta Silva –
- Sim agora. O embrulho vai estar em frente da casa que você entregou, é só pegar e entregar para a minha mulher. Depois disso pode entrar na casa do embrulho que eu estarei esperando com seu pagamento.
- Tá, beleza. – desliga o telefone –
Como combinado, o embrulho estava do lado de fora da casa, em frente à porta. Silva o pega e acha estranho, pois estava mais pesado do que antes e bem maior, não dá muita importância e coloca dentro do carro.
Chega à casa de Glauco e toca a campanhia, deixa o embrulho na porta e vai embora. Lúcia abre a porta e vê a caixa do lado de fora. Ela abre e fica emocionada, pois era a cortina vermelha que Jonny gostava de se pendurar. O traz para dentro com tremenda dificuldade, porque estava muito pesado.
Sua aparência estava lastimável, pois não dormia e não comia direito há dias, pela saudade que sentia do filho, nisso ficou insana. Ela retira a cortina e toma um tremendo susto, Jonny havia pulado dela. Lúcia o encara abismada e com os olhos transbordados de lágrimas, Jonny pula contra ela e a derruba no chão, ele mostra suas poderosas presas e avança para morder o pescoço dela, mas algo o impede, pois de repente para e não sabe o que fazer, sua mãe o abraçava tão fortemente que suas unhas cravaram em sua costa que escorria sangue. Voltou sua atenção para a face dela e viu que chorava inconsolavelmente e dizia:
- Você voltou pra mim! Você voltou pra mim...
Um momento de realidade o atingiu feito avalanche, porque sua mãe não ficara com medo de sua aparência e nem asco sentiu, pelo contrário, depositou todo o afeto que ali adormecera depois de sua morte. Um excesso de confusão tomou conta dele, fazendo com que gemesse pela dor de cabeça, seguido da queda no chão.
Lúcia fica extremamente preocupada e pega Jonny e o coloca em seu colo, começa a aninhá-lo e diz:
- Não se preocupe, mamãe está aqui para te proteger.
O menino fica calmo e apóia sua cabeça no seio dela, parecendo que iria dormir, ela continua a aninhá-lo e a cantarolar uma música de ninar.
- Mas o que há?! Por que paraste Jonny?! Exijo que a mate! - a voz de Sammael ecoa no ambiente -
Lúcia assusta-se com a voz macabra e diz:
- Quem é você?! Por acaso é o monstro que feriu meu Jonny?! Pois se for fique longe ou se arrependerá!
- Cala-te mortal imunda! Terás teu último suspiro de vida! Será expirada por Sammael o "Veneno de Deus"! - com alta e boa voz -
Antes que ela retrucasse, Jonny puxa sua blusa para chamá-la atenção, ela automaticamente o olha e com extrema dificuldade diz:
- Perdoa... Mãe...
- Sim, lógico que o perdôo. - responde sem hesitar -
O menino sai do colo dela e segue até a cozinha, ela sem entender só observa.
- O que farás Jonny?! Enfim a matarás?! - pergunta Sammael -
Jonny alcança uma caixa de fósforos e retira um palito, olha em direção a sua mãe e com dificuldade diz:
- Mamãe... Te... Amo.
Imediatamente Sammael se pronuncia:
- Não faças isso ou te arrependerás!
O garoto não ligando para o que ele disse, acende um fósforo, notando o que ele estava em mente, Lúcia corre para impedi-lo, mas Jonny coloca o fósforo em seu olho sangrento e inicia a ser carbonizado. Lúcia e Sammael, ambos gritam:
- Nããããããããooooooooo!
Um fogo cor rubi incendeia o garoto e Sammael que parecia conversar com alguém diz:
- Não pode ser, tu novamente maldito. Ceifará esta vida e a tomará de mim! Maldito sejas detentor da chave que abrirá o Inferno no Final dos Tempos!
Lúcia fica em uma insanidade descontrolada e começa a queimar também, mas ambos não sentiam dor, pareciam ter sidos anestesiados.
Sammael com muita fúria diz ao tal individuo:
- Se assim desejas tomá-los de mim, assim tomarei suas mortes ao meu prazer!
Ele faz romper a mangueira do fogão que ligava o botijão de gás e depois de algum tempo a cozinha explode, incendiando logo em seguida toda a casa.
Os bombeiros são informados do incêndio, através dos vizinhos e chegam para cessar o fogo. Após tanto esforço, conseguem controlar as chamas. O vento trás um objeto que se choca com o rosto de um dos bombeiros, ele a retira do rosto e analisa, o outro olha e pergunta:
- O que é isso?
- É um pano vermelho chamuscado. Parece conter sangue.
- Ah, então leva para os legistas!
Na outra casa, Bárbara acordara nos fundos, junto as plantas, olha para seu relógio de pulso, sente-se estranha porque não lembrava de nada que aconteceu neste dia. Como um tiro, sua memória dispara, revelando tudo que aconteceu, até mesmo quando estava possuída. Sente um tremendo nojo e aversão a si própria por saber o que tinha feito, prostra seus joelhos no chão e começa a chorar solenemente. Quando ouve passos, fica apreensiva, pensando que poderia ser ele e ouve uma voz:
- Glauco, cadê você?
Ela percebe imediatamente de quem era a voz e corre em sua direção, o abraçando forte e o agradecendo. Era Silva, o homem que entregara o pacote, que confuso pergunta:
- O que foi Bárbara? Qual é o motivo da alegria?
Ela com o aspecto insano, olhando para os lados velozmente, com o corpo completamente trêmulo e de visual deplorável.
- Ainda bem que é você... Ainda bem que é você...
Silva sem paciência diz:
- Tá sou eu, mas cadê o Glauco, pois não sei se ele sabe, mas sua casa queimou, matando sua esposa e enteado carbonizados. E quero saber o que houve aqui, porque eu vi o Cláudio morto, pendurado no arame farpado!
Excede a felicidade em Bárbara ao saber que o garoto morrera e que seus problemas acabaram, que no entusiasmo derruba Silva no chão e corre para a saída, ao chegar, toca na maçaneta e instantaneamente sua mão queima, ela acha estranho e tenta a garagem, mas não encontra o portão e sim uma parede bem sólida, que ela toca para ver se era real. Volta para a outra porta, mas não a encontra lá e sim outra parede bem sólida. Ela fica enlouquecida e pega na garagem a marreta que ela havia largado e volta para a porta da frente, começa a marretar a parede que nem tremer tremia. Fica apavorada e volta para a garagem e martela a parede, acontecendo a mesma coisa, começa a gritar histericamente e Silva aparece na porta perguntando o que foi, ela o encara furiosamente e entra velozmente no carro. Aproveitando que a chave estava na inguinição da à partida e começa a dar rés com o carro contra a parede, mas não adiantava nada, pois nem tremia com o forte impacto. Ela repetia diversas vezes, mas de nada adiantava, seus gritos de angústia crescia cada vez mais e o gargalhar de Sammael pôde ser escutado uma vez mais.


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